CHAMADA PARA ARTIGOS PARA O N.º 3 DA REVISTA DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE TIMOR-LESTE 

O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Timor-Leste (INCT) tem o prazer de anunciar a chamada para artigos (call for papers) para o terceiro (3) número da Revista de Ciências e Tecnologia de Timor-Leste, do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Timor-Leste (INCT). 

Esta revista, de periocidade anual, publica artigos, estudos originais/pedagógicos, recensões e ensaios de todos os temas e problemas relacionadas com a investigação científica e com o estado da ciência, da inovação e da tecnologia em Timor-Leste. O objetivo principal da Revista de Ciências e da Tecnologia de Timor-Leste é o de promover a análise rigorosa da ciência, da inovação e da tecnologia de Timor-Leste, bem como a de estimular a reflexão crítica sobre o estado atual e o futuro da investigação científica em Timor-Leste, e do desenvolvimento de possíveis soluções para os desafios do presente e do futuro.

Para o ano de 2024, a Revista do INCT terá como tema: Desafios Globais Para o Ensino Superior  e vem, por este meio, convidar todos os investigadores, professores, cientistas e interessados a submeterem artigos e recensões sobre esta temática até 31 de Julho de 2024, para os seguintes endererços eletrónicos: inct.revistacientifica@gmail.com e revistacientifica@inct.gov.tl.

Enquadramento Teórico

As universidades e instituições do ensino superior possuem um papel fundamental para o desenvolvimento da educação e da produção do conhecimento nas sociedades. 

De uma forma global, é sabido que a visão e missão de grande parte das instituições de ensino superior têm sido constantemente alteradas pela introdução gradual e subtil da lógica do capitalismo global. 

Por um lado, foi através da ascensão do capitalismo e das exigências mercantis do setor privado que permitiram a conceção e a entrada das instituições de ensino superior privadas na paisagem do ecossistema do ensino superior a nível mundial, com todas as vantagens e desvantagens daí decorrentes. A juntar a esta nova configuração mundial, as instituições de ensino superior públicas viram-se confrontadas com novas exigências políticas, económicas e sociais em relação à sua função de utilidade para com a sociedade e para com as aspirações do setor privado. A falta de financiamento adequado para com as instituições de ensino superior públicas obrigou as mesmas a terem de procurar financiamento externo e de desenvolver parcerias para obtenção de fundos no “mercado de trabalho” como forma de se introduzirem e terem uma função utilitária para a sociedade. Porém, as intermináveis crises políticas e económicas que têm provocado ao longo dos anos a instabilidade da carreira docente, a introdução da obrigatoriedade do pagamento de propinas e taxas cada mais pesadas para os alunos, sobretudo os das antigas colónias, que têm sido alvo de uma institucionalizada caça predatória às mensalidades exuberantes, a entrada de novos atores regulatórios nos ecossistemas do ensino superior a nível mundial, os parâmetros elevados das agências financiadoras da investigação científica, a mediação e constante posicionamento das instituições de ensino superior nos rankings internacionais que têm em consideração a constante exigência das métricas de produtividade institucional e dos professores, a entrada em cena das agências indexadoras de informação e de publicação, entre outros fatores, teve como consequência a implementação gradual de uma burocracia institucional que, ao longo do tempo, se tornou excessiva e demasiado penosa para os gestores e os professores das instituições de ensino superior que, necessitando, em simultâneo, de gerir, de coordenar, de lecionar, de fabricar conhecimento, de apresentarem publicações, de estarem envolvidos em programas de pós-graduação e de acompanhamento e orientação dos estudantes, de participarem em eventos científicos e demais atividades de disseminação do conhecimento, em atividades de extensão universitária e desenvolvimento de todas as espécies de parcerias, esqueceram-se do essencial. Todos estes fatores, entre outros, têm desvirtuado os propósitos mais nobres das universidades em relação ao seu papel na sociedade, podendo-se diagnosticar que atualmente se encontram numa encruzilhada temporal que se pode caracterizar por uma crise de identidade, por um lado, face às exigências da lógica do mercado de trabalho globalizado, responsabilidade da qual não podem nem devem fugir, e, por outro lado, do compromisso que possuem como agentes de produção do conhecimento com a missão de guiar a humanidade na direção de um futuro melhor, para o qual, certamente, desejariam canalizar toda a sua atenção, que permanece passiva, exausta e impotente.

Por outro lado, nos países não ocidentais, sobretudo os que recentemente saíram de conflitos e guerras e que se tornaram politicamente independentes em relação às suas ex-colónias, as recém-criadas ou remodeladas instituições de ensino superior constituem-se, na sua maioria, como um espelho dos seus próprios países, para o melhor e para o pior, com uma dupla missão: por um lado, fitam, no horizonte, o trajeto e o panorama das instituições de ensino superior ocidentais, procurando nelas as melhores práticas institucionais, e refutando as que não concordam; por outro lado, a sua missão para o ensino superior carateriza-se pela procura da uma identidade própria num mundo capitalista global, onde aspiram ser diferentes de acordo com as suas diferentes culturas, visões do mundo e epistemologias. Porém, as necessidades, os desafios e dificuldades que possuem são distintas: se no hemisfério norte há um excesso de professores qualificados, nos países do hemisfério sul prevalece a carência de recursos humanos qualificados; se no Norte as infraestruturas são adequadas e com boas condições para os docentes e alunos, no Sul as estruturas estão degradadas e, em alguns casos, são miseráveis. Se no Norte a ciência está ao serviço da era pós-moderna e da lógica do financiamento dos mercados, em muitas instituições de ensino superior do hemisfério sul a ciência ainda procura o seu lugar aliado aos saberes culturais e ancestrais e às línguas autóctones. 

Nos hemisférios prevalece um desacerto internacional em relação aos sistemas em vigor, desde o Processo de Bolonha ao sistema Educacional Americano, que colidem com a ascensão das universidades asiáticas, a crise das universidades da América do Sul e com as diretrizes da União Africana. 

Se, por um lado, ao contrário de outras eras, milhões de alunos em todo o mundo têm atualmente acesso ao ensino superior, tal não significa, porém, que todos usufruam de uma educação de qualidade. No seio da confusão dos sistemas académicos no mundo, instalou-se, de uma forma geral, a estreiteza de visão e a ignorância das elites, a competição institucional desleal, o plágio universal generalizado entre diferentes línguas, a exploração financeira do outro e a corrupção, quer política, quer académica, que tem conduzido à afloração da indiferença.  

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